quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Selarón


Quem se encantaria pela escadaria?
Um degrau distorcido é lugar de encontros
Onde o vento sopra promessas de sorte
Onde todas as estações encontram abrigo
O degrau é uma tecla de piano disfarçada
Quem pula com gosto emite um som fabuloso!
Os transeuntes que ouvem  fazem o mesmo
E brincam como em dias felizes da infância
As janelas se abrem, as casas tornam-se vivas,
As pessoas saem para as ruas sem medo
Todos são artistas nos degraus da escadaria 
 Tecendo mensagens para os desconhecidos
Cheirosas e saudosas de amores antigos
Desenhando sentidos e aquecendo palavras
Pintando  notas musicais perdidas
Tocando as cordas dos raios de sol
Cantando sonhos e segredos queridos
Fazendo parte da mágica que só os sábios percebem
Seria a escada encantada e perdida?
Entre casas, comércios e fachadas antigas.
Entre memórias, detalhes e alegrias infinitas.
Eis A escadaria viva
Quem por ela passar jamais será o mesmo
Ela sela elos e mostra outros horizontes
Entre o céu e a terra. Entre estrelas e rimas
Entre pessoas que estavam em mundos distantes.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sem mais

Quando a casa silencia. Eu escrevo.  Sempre foi assim. Hoje, mas um dia sem energia elétrica, iluminada pela vela que consome-se de forma tão poética...sinto-me ainda mais nostálgica. Minhas janelas estão sempre abertas. É a brisa da madrugada que adentra o quarto. É o sem ruído da noite.  E um pensamento. Lendo os meus preferidos, hoje em especial o G. G. Márquez, eu penso: “O que será de mim em tempos tão apáticos ?”. Esses romances não podem ser apenas literários, confinados a irrealidade e imaterialidade. O Gabriel sempre busca inspiração em fatos que realmente aconteceram. Ele recria histórias verídicas com maestria. Mas a vida é longa e breve quando não se está num livro. Talvez eu tenha medo de nunca passar de um escrito.  Não são projeções, são aquelas inspirações que nos fazem viver de forma mais terna.
Eu não sei. Queria lançar esta pergunta ao cosmos e ter a resposta clara e decisiva. Mas nada depende de mim.  E como eu vou encontrar? Eu já tentei e não foi uma investida feliz. Eu só tenho a palavra escrita para você, no agora.
Escrever olhando para a vela me acalanta. Eu penso que de algum lugar você me escuta. Eu nunca escrevo sozinha. A ideia de diálogo me acompanha.  
Eu gosto de romances. Gosto de acompanhar o processo da conquista.  A vontade sem razão do outro.  Uma vontade sem razão tão magnífica...