segunda-feira, 30 de abril de 2012

Plural

Não há felicidade no singular
 E Não há amor sem riscos
Não há bondade sem esforço
Não há aprendizado dado
Não há amizade sem compreensão
Não há força sem ternura
Não há sonhos sem coragem
Não há palavra sem alma
Não há  gesto sem vontade
Não há paixão sem contato
Não há resultado sem dedicação
Não há retorno sem doação
Não há liberdade sem desprendimento
Não há alegria sem riso
Não há satisfação sem troca
Não há energia sem motivação
Não há vitória sem luta 
Não há diálogo sem audição
Não há direito sem justiça
Não há parceria sem flexibilidade
E Não há nada sem vontade

Não há singular
A vida é plural

sábado, 28 de abril de 2012

Pintura Escrita

Existo perante os olhos que me olham
Existo perante os olhos que me leem
É uma composição sonora... música não criada....
Perceba-me nestas cores e pontos invisíveis
Dou-te licença para que capture o profundo
Dou-te licença para que mergulhe no escuro verde dos olhos.
Permito que me veja  a alma
Sem este antes que distorce minha essência
Sou eu em teu olhar agora
Eu sou o que vês?
Eu sou o que lês?
Eu sou o que sentes.
E Tudo depende do misterioso encanto que te influencia.
Há segundos antes, ninguém sabia nada de mim.
Mas você me decidiu:
Eu não existia até você ter me desenhado em som.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Significado


Teu nome tem significado tão parecido com o meu. Sabes que vou falar um pouco mais do que você.
Preciso te escrever. E estar contigo de onde estiveres.
Não poderia me sentir triste ou só. Vou escrever cartas de amor.

Eu nunca passei fome. Não senti os males e as tristezas de uma guerra. Nunca fui separada a força das pessoas que eu amo. Nunca fui forçada realizar tarefas que não concordasse. Não sofri violência irreversível. Nunca me impediram de estudar. Meus pais deixavam sempre a melhor parte da refeição pra gente. Não precisei pedir ajuda a estranhos sobre questões pessoais, fora um único dia. Nunca me faltou os livros que eu sonhei, mesmo quando não eram meus. Nunca precisei me calar enquanto defendia meus ideais. Nunca senti frio. E na alma. Nunca fui esquecida. Não preciso fingir. Não sou impedida de entrar onde eu queira. Não faço parte de nenhuma classe social. Eu sou da Terra.
Então, não há justificativa. Não há por que lamentar a ausência de qualquer pessoa. E nem a sua.

Eu aprendi com tuas poucas palavras a expressão do olhar. Eu aprendi a cantar afinada mesmo com nó na garganta. Eu aprendi com teu silêncio a não me calar quando uma força irrompe e fagulha minha alma. Eu aprendi a ser assim, apenas eu.
Lembra-te quando eu vi a morte? Eu tive medo e fiquei fraca por um longo tempo.  Mas, A Vida me Sorriu. E eu me tornei um ser apaixonado, como você:
Sou apaixonada pelas causas que me impulsionam a caminhar. Sou apaixonada pela simplicidade, e por pessoas, e por poemas , e por música...Sou apaixonada pelo canto, pela palavra escrita, pelo som, pelas nuvens, por tudo que me cerca ...eu tenho tanta paixão. Sou apaixonada pelos sabores. Tenho paixão por sorrisos, por gargalhadas, por flores, Tenho paixão por histórias, por crianças, por animais, por borboletas. Tenho paixão pelo mar. Por estrelas e o Universo.
Sou apaixonada pela justiça, pelos gestos que acolhem, acariciam e indicam.
 Tenho paixão para com meu povo, minha gente, minha família, minha terra.
Preciso sentir meus ancestrais. O sangue que corre em minhas veias, as ideias que eu penso.... Preciso dos campos verdes, Montar em cavalos selvagens e amançá-los. Preciso das estações e das fases da lua. Preciso esquecer a buscar de amores, de presença. Preciso esquecer e ser forte. 
Preciso Ser apenas o segundo de eternidade. Viva.
Eu sou para abraçar o que a vida me sugere. Eu sou para amar desmedido as pessoas que se deixarem.Minha militância é SER de acordar. Eu quero Voar.

*Ao meu pai Alberto, com saudade inexplicável.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Amanhã


Meu diário é uma busca
Quisera fosse você
Com este sorriso largo, Desprendido
E com estas ideias Polimétricas, Elétricas e Dialéticas.
Abertas aos meus pontos de atração

O Universo nos envolveria
E transformaríamos as teorias de dias maus em Sol
Seríamos A cura para as doenças dos nossos queridos
O pão da manhã de nossas infâncias
O revigorar dos sonhos antigos

E os que se aproximassem veriam o quanto somos um
Uma canção em dois ritmos
Em um só espaço acústico
Que harmoniza cores nascidas ontem
E que se lançam num Presente Eterno

Ah, se eu pudesse...
E se me fosse certo você estar do outro lado
Diria para que corresse,
 Pois há uma voz que sinaliza onde
E uma galáxia de amor não devolvido

Assim, o veria chegando...
Depois de tantas nuvens em mim.




terça-feira, 17 de abril de 2012

Aos Homens

Os homens deveriam ser loucos
E mais felizes seriam
Paixão, Amor e Coragem
E não negar seus desafios

Os homens de hoje, alguns
Virtuais por excelência
Esquecem-se de quem são
Sufocam a sua essência

Atuação contraditória
Miopia escolhida
Escrevem na sua história
consequências desmedidas

Palavras sem alma e sentido
e pensam que são solidários
Vivem em mundos isolados
Falam e agem ao contrário

E outros de tão diretos
Na linguagem curta e fria
Desmancham o ardor poético
Retendo a saudade vazia

Expandem os desejos medíocres
Satisfaze-os tão pouco
Acostumam-se com retrocessos
È vivo que está morto

Consola-me voltar ao sol
Aos campos e contos antigos
Um dia encontrarei alguém
Que há de sonhar comigo

Sendo homem,  sou mulher
De loucura lúcida e viva
Tal loucura hoje é
A razão adquirida

Homens busquem no Agora
Os sentidos de menino
Quisera poder despertar
Este homem adormecido.

Imaterial

Nuvens espaças no céu
Das chuvas francas e fracas
Nuvens de amedrontar silêncio
Nuvens são quase palavras

Nuvens que bailam tranquilas
Leve-me sim, para longe
Lança-me ao plano mais alto
Quero ser outro horizonte


Nuvens de luz falso azul
A lua cheia termina
um ciclo de branca cor
Que fortifica e ensina

Seu espaço são estrelas
São perfumes distorcidos
São de anjos e de deuses
E o chão do infinito

Aclamam vozes passadas
E tempos de mil pedidos
Nuvens acolhem os medos
Dos homens desprotegidos

Nuvens de tempestades
Carregadas de energia
Raios e trovões entoam
Sua fúria sinfonia

Nuvens tudo em seu toque
Apenas macia visão
Pareces  imaterial
E Quase uma ilusão

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Paisagem Sonora

Ah, universo meu...
Não quero estar com os ouvidos cerrados
E Como poderia fechar meus olhos?
Quero sentir cada partícula da composição sonora
Que permeia os ares noturnos
Não anseio uma réplica de som
Com traços cortados e ritmo alterado
Isocronia é a palavra que define tempo
Mas eu não uso tal técnica
Procuro escutar uma voz distante
Genuína da alma  Ser
Nesta orquestra, sintetizo minha posição
Respirações Poéticas, Deslocamento de Energia
Percepções , Reinvenções e Releituras
Tudo para tocar a criança
A criança  sensível.
Um menino.
Quisera que os adultos não perdessem este fino tato audível:
"Não cerrar  ouvidos e  olhos"
E eu tento a criança escondida
Desafio-a
Instigo a sensibilidade perdida
Esquecida,
Num assobio (des)afinado e feliz
Lanço minha expectativa musical:
Eu quero a melodia que só você produz.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu,

Sofro  o mal da minha geração.
A solidão hoje tem um duplo sentido. E há quem, mesmo estando com alguém, num relacionamento fixo -ou não- se sinta só.
Realmente algo está fora do lugar. Eu não gosto de estar só. Eu não sou autossuficiente. Mas quem tem a receita?
É tudo tão efêmero...
Eu, que prezo pela harmonia em tudo que faço acabo marginal. Eu que sou dos processos afetivos e das amizades duradouras...
Eu sou uma marginal do sentimento.
 Talvez seja minha escolha, esperar... Tendo a atitude de não projetar-me em artimanhas ou engenhosas técnicas de conquista. Seduz-me a liberdade , o inevitável, o olhar apaixonado... E o encanto que está no inesperado.
Talvez seja minha responsabilidade, pois estou distraída. E porque fico sempre tão entretida na paisagem depois da janela. E converso com pessoas desconhecidas. E ainda é, pois escrevo versos.
Quem escreve versos hoje?
 Mas é minha responsabilidade também ser genuína ao que meu lado selvagem inspira.
E eu não preciso dizer que está tudo ótimo se eu acordei triste. Nem fingir ser quem não sou porque o meio social é outro. Eu realmente não preciso falar com propriedade sobre política porque política é mais ato do que oratória. E eu posso ter nascido pobre, trabalhado desde terna idade, mas não serei um pobre espírito. Eu posso estar sozinha, mas não me farei de carente para ter a atenção de quem nem se importou antes. E não vou insistir quando a reciprocidade for palavra desconhecida da outra parte. No silêncio meu, deixo as lágrimas livres, na rua, no trânsito, em casa; mas eu não faço escândalos, pois elas lavam e curam no oculto.  E poucos saberão quando estiver triste. Não porque eu seja forte, mas porque eu não quero mesmo deixar ninguém preocupado.E estarei sorrindo sempre e você sabe que é uma marca da minha alma, uma vez que alma é parte sorriso.
Não escreverei para você, se me deixou sem respostas. Não me aproximarei de quem não entende que é tudo uma conquista: a amizade, os amores, a família, a felicidade. E há quem não entenda que o conhecer o outro é um processo lento, conflituoso e maravilhoso. E eu não poderei tratar-te com carinho se você é apenas alguém que não se deixou cativar.
 Eu sou uma marginal, lembre-se disso.
E vou andar na chuva sim. Vou usar minhas boinas coloridas e conversar com os animais que me saúdam.  Vou caminhar para outras perspectivas. Vou defender o fato de que erudição não é sabedoria. Vou pintar as paredes do meu quarto. E contar histórias de fadas,  para crianças que já perderam a fantasia. Vou compôr um auto. Vou aprender novos idiomas. Vou dançar. E vou chamar para perto todos os meus amigos. Vou enfrentar meus medos.
E vou renovar minha esperança de que para cada ser há uma outra alma. A minha ainda perdida.
 Ou perdida estou eu?
 Mas...  estarei aqui, se você quiser tomar comigo um café e conversar pela tarde sobre nossos livros preferidos.

Marginal


Uma marginal eu sou
Do que eu defendo, guerreira
Sou um tanto selvagem, sei
Mas, fermento a ternura corriqueira

Meus ideais colorem anseios
Na imensa teia tecida
Sou a alma no espelho
Das crianças, preferida

Uma marginal eu sou
Não sei o nome das novelas
Esqueço ofensas ditas
Quando uso minha aquarela

Não comento meus segredos 
E não temo o verbo Amar
Converso com desconhecidos
Sou ser de saber escutar.

Marginal de um rio doce
Caminhar é verbo da vida
Milhares de livros sentidos
 Nenhuma palavra perdida

Marginal de ritual tribal
De fogueira, canções  e floresta
Dançar descalço a noite
Para mim, a melhor das festas.

Marginal de alma gêmea
Crença praticamente extinta
Amor, Essência, Luta,
Meu movimentar a Vida.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Versos Solares

Nem Sempre os olhos sorriem num diálogo
Nem sempre o locutor sabe ser ouvinte
Nem sempre o coração pulsa,
Por um amigo, uma ideia, uma relação.

Nem sempre as pessoas são aquilo que pensam
E há aqueles que nem sabem que são
Mas há gente simples que cuida da terra
E há ainda quem transforma o grão

Há quem não se importa se foi rude
E os que ignoram a palavra-ato
Mas há quem faz poesia
E os que semeiam no cascalho

Nem sempre o desejo se materializa
Nem sempre dormiremos felizes
Mas há quem desperta na aurora
E há perfume na flor de íris

Nem sempre somos compreendidos
E nem sempre temos razão
Mas há quem mesmo ferido
Contempla uma outra estação

Nem sempre resistência significa força
E calar pode ser um grito
Há de se pensar em tolerância
Nas entrelinhas do gesto dito.

Nem sempre há correspondência
Nem sempre o discurso convence
Ideias fragmentadas
Não germinam ideais vigentes

Nem sempre conhecemos nossos limites
E nem sempre racionalidade é prudência
São diários desafios
Reações e consequências

E há quem não precise falar
Sonoros verbos transitivos
Eu cuido das estrelas do mar
No céu de ondas indizível

São nossos os olhos que sorriem
sinta seu  coração  amado
A verdade?
-Afeto cura.
E os meus versos solares falam.
 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Eco


 Reciprocidade é Verbo!

Se te escreveu: Responda.
Se te saudou: Saúde.
Se foi gentil: Sê dócil.
Se te feriu: Pause.

Se te amparou: Abrace.
Se te abraçou: Permaneça.
Se te cuidou: Respeite.
Se te esqueceu: Não era seu.

Se é teu amigo: Sê fiel.
Se Magoou: Perdoe.
Se te sorriu: Sorria.
Se te ajudou: Retribua.

E se é som: Amplie
E se é luz: Expanda
Se é canção: Encante.
E se é ritmo: Dance.

Se é alegria: Partilhe
Se é sonho: Realize.
Se é mistério: Desvenda.
Se é vontade: Grite.

Se o gosto é bom: Saboreie
Se é paixão: Anseie
Se te perdeu: Esqueça.
Se é Amor, Reconheça.