A
cultura não é estática, ela é um convite à Mudança. A arte, a música, a
literatura, a poesia são formas nas quais as pessoas não apenas refletem a
sociedade em que vivem, mas são acima de tudo projeções e possibilidades.
Quanto
mais estratificada a sociedade, menor será a igualdade, menor o número de
pessoas com quem você terá relacionamentos recíprocos e simétricos; menor a
diversidade cultural. A visão discriminatória da cultura, os equívocos
ainda correntes em nossa sociedade, embasada em um sistema econômico que cria
escassez e carência, só tende a empobrecer nossa percepção humana.
A
cultura estará sob suspeita se enfatizar “as diferenças de costumes” entre os
povos dando origem às populações que subordinam outras. Esta ótica
refere-se à demarcação de diferenças que ao longo dos processos históricos foi
apropriada por regimes autoritários, sistemas manipuladores, egoísmo em grande
escala e, hoje pelos autoritários “disfarçados de democráticos”. A mentalidade
individualista na sociedade contemporânea vem exercendo domínio e controle
sobre nossos bens naturais, nossa capacidade criativa e nossa predisposição à
solidariedade.
Não
podemos mais aceitar os antigos padrões e manter as múltiplas desigualdades na
sociedade: todos os tipos de discriminação e cerceamento; o ainda racismo; anti-semitismo; o deslocamento de sociedades indígenas de seus territórios; a
divisão das pessoas em classes, o pobre, o rico, o instruído, o não instruído,
este ou aquele. E se insistirmos nesta forma, a cultura será condenada ao
empobrecimento.
Infelizmente,
nesta perspectiva, a história da civilização vem sendo escrita a partir de uma
visão preconceituosa e nos tornando reféns de nossa própria trajetória. Estamos
submetidos a aceitar valores que não emerge das nossas mais plurais raízes e
escrever este processo por meio dos olhos de outrem.
Culturas
se farão amplas se reconhecerem as variedades e não os “graus” culturais que
alguns classificam. Na luta pela liberdade de expressão, o “ver” depende do
“ouvir”, do “sentir” e do “estar disposto”. Diversidade é o oposto de segmentação.
A
arte deve apresentar o mundo como mutável e ajudar conscientizar e mobilizar as
pessoas.
E ainda, na função maior de rechear sentimento e sentido nossas vidas, ser Plena.