terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu,

Sofro  o mal da minha geração.
A solidão hoje tem um duplo sentido. E há quem, mesmo estando com alguém, num relacionamento fixo -ou não- se sinta só.
Realmente algo está fora do lugar. Eu não gosto de estar só. Eu não sou autossuficiente. Mas quem tem a receita?
É tudo tão efêmero...
Eu, que prezo pela harmonia em tudo que faço acabo marginal. Eu que sou dos processos afetivos e das amizades duradouras...
Eu sou uma marginal do sentimento.
 Talvez seja minha escolha, esperar... Tendo a atitude de não projetar-me em artimanhas ou engenhosas técnicas de conquista. Seduz-me a liberdade , o inevitável, o olhar apaixonado... E o encanto que está no inesperado.
Talvez seja minha responsabilidade, pois estou distraída. E porque fico sempre tão entretida na paisagem depois da janela. E converso com pessoas desconhecidas. E ainda é, pois escrevo versos.
Quem escreve versos hoje?
 Mas é minha responsabilidade também ser genuína ao que meu lado selvagem inspira.
E eu não preciso dizer que está tudo ótimo se eu acordei triste. Nem fingir ser quem não sou porque o meio social é outro. Eu realmente não preciso falar com propriedade sobre política porque política é mais ato do que oratória. E eu posso ter nascido pobre, trabalhado desde terna idade, mas não serei um pobre espírito. Eu posso estar sozinha, mas não me farei de carente para ter a atenção de quem nem se importou antes. E não vou insistir quando a reciprocidade for palavra desconhecida da outra parte. No silêncio meu, deixo as lágrimas livres, na rua, no trânsito, em casa; mas eu não faço escândalos, pois elas lavam e curam no oculto.  E poucos saberão quando estiver triste. Não porque eu seja forte, mas porque eu não quero mesmo deixar ninguém preocupado.E estarei sorrindo sempre e você sabe que é uma marca da minha alma, uma vez que alma é parte sorriso.
Não escreverei para você, se me deixou sem respostas. Não me aproximarei de quem não entende que é tudo uma conquista: a amizade, os amores, a família, a felicidade. E há quem não entenda que o conhecer o outro é um processo lento, conflituoso e maravilhoso. E eu não poderei tratar-te com carinho se você é apenas alguém que não se deixou cativar.
 Eu sou uma marginal, lembre-se disso.
E vou andar na chuva sim. Vou usar minhas boinas coloridas e conversar com os animais que me saúdam.  Vou caminhar para outras perspectivas. Vou defender o fato de que erudição não é sabedoria. Vou pintar as paredes do meu quarto. E contar histórias de fadas,  para crianças que já perderam a fantasia. Vou compôr um auto. Vou aprender novos idiomas. Vou dançar. E vou chamar para perto todos os meus amigos. Vou enfrentar meus medos.
E vou renovar minha esperança de que para cada ser há uma outra alma. A minha ainda perdida.
 Ou perdida estou eu?
 Mas...  estarei aqui, se você quiser tomar comigo um café e conversar pela tarde sobre nossos livros preferidos.

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